terça-feira, 2 de julho de 2013

O tik taka já está decadente?



Um amigo, Antonio Junior, me fez a pergunta do titulo, pensei um pouco e me veio a resposta. Finais dependendo do resultado geram reflexões e justo que elas apareçam, apesar de que as respostas que esse tipo de enfrentamento gera não podem ser mecânicas e apenas baseadas nos resultados em campo.

Quando se indaga que o “tik tak” esta decadente é importante frisar que se refere ao estilo de jogo que o Barcelona vem utilizando e com muito êxito nas ultimas temporadas, e base da seleção espanhola, estilo que tem raízes na Holanda de 74 e na intima ligação que Johan Cruyff tem com o time catalão. Mas considero que tem raízes, mas não uma ligação direta e automática com a Laranja Mecânica. Muitos times são lembrados na história, e dependendo da sua idade, região ou time de coração irá lembrar alguns deles. Mas o que diferencia tanto a seleção holandesa e esse Barcelona é que não são só grandes, IMENSOS, times. Essas equipes formataram um novo jeito, o tal estilo, de jogar bola. Digo estilo pensando em um jeito diferente de se fazer a mesma coisa. Me vem a cabeça por exemplo a bossa nova, foi uma forma que a classe média e intelectual da zona sul carioca criou de tocar samba. De forma distinta, mas era o samba. O tempo forte e fraco no andamento de marcação do surdo dos morros estava lá, mas com outras características. As grandes vozes que caracterização as gravações da época deram lugar a vozes mais diminutas, baixinhas. Alguns dizem que por tocarem em seus apartamentos, usam esse jeito de cantar para evitar reclamação dos vizinhos, mas o resultado é que a possibilidade de cantar agora não pertencia só aos gogós de ouro, qualquer um bem afinado e com algum suingue poderia fazer. Usei a característica da voz da bossa nova em relação ao samba, mas outros aspectos foram mudados, como a divisão, a forma de tocar violão, as novas temáticas e etc. Voltando ao futebol! Tanto o atual Barcelona como a Holanda de 74 praticam futebol, esse jogo que tanto adoramos, mas de tantas características novas parece até outro jogo.

O atual Barcelona, difícil definir começos e fins de “eras”, mas que teve seu auge quando era treinado por Pep Guardiola tinham um conjunto de características que a tornavam especial. Marcação pressão e a sua troca incessante de passes, o tal “tik taka”, talvez sejam as principais delas. Junto com essas duas posturas tem um posicionamento que era formado num 4-3-3, ou 4-1-4-1 como prefiro definir. Essa formação tem normamente só Pique como zagueiro de origem, dois laterais que avançam, Mascherano, volante de origem, ou Puyol, lateral de origem, completam a zaga. No meio de campo Busquets é o cabeça de área, Xavi e Iniesta são segundo volantes, mas meias em qualquer time do mundo. Na frente os atacantes mais avançados não se posicionam pelo meio, para dar profundidade no ataque, mas sim pelos lados. E a cereja do bolo, Lionel Messi é o falso nove, que tanto se aproxima da área para fazer muitos gols, como recua para dar suas fantásticas arrancadas com a bola que se distancia poucos centímetros de seu pé e com muita velocidade e mudanças de direção, como também para abrir espaços para que os pontas infiltrem na área para marcar seus tentos. Me refiro ao Barcelona pois este é o time base da seleção espanhola que tem a maioria entre seus titulares, esquema tático e plano de jogo.

Mas por que então indagar que o “tik taka” esta decadente? Perdeu para a seleção brasileira em um torneio de importância esportiva relativa e isso é o fim do mundo? Não é isso, mas não só perdeu para o Brasil, na ultima semifinal da Champions League esse estilo de jogo perdeu também para o Bayern Munique. Mas já não tinham perdido antes? Sim, claro. Mas com as características que foram ainda não, perderam para equipes que não se adaptaram taticamente a elas, perderam para equipes que demonstraram muito mais intensidade que os correligionários do “tik taka”, e não só perderam por detalhes, foi vencida de forma acachapante, sem choro nem vela. As vitórias de Brasil e Bayern Munique foram diferentes, foram significativas.

Importante ressaltar que a pergunta diz DECADENTE e não que acabou. E para essa pergunta digo que sim. Nas duas ultimas vezes em que foi testado sucumbiu. As explicações para tal derrota não são simples, claro. Dois aspectos que imagino se referem a intensidade. Tanto a marcação pressão como a troca de passes já não tem mais o ritmo alucinante de um passado recentíssimo. Principalmente em relação ao toque de bola, a posse da pelota tem sido muito estéril. Em alguns momentos mesmo no auge do Barcelona já era. E o principal motivo para que essa posse de bola ser inofensiva para o adversário é referente ao posicionamento. Tanto no selecionado espanhol como no Barça, a dupla de atacantes abertos é manca. Pedro, mesmo em baixa técnica, cumpre o papel de infiltração e de dar profundidade pelas pontas e perigo aos zagueiros e laterais no “um contra um”. Mas o oposto ao canterano catalão não tem funcionado. No Barça desde que David Villa se machucou, Fabregas e Iniesta, atuaram por lá. Nessa Copa das Confererações, Mata e David Silva fizeram essa função. O que liga esses quatro nomes é que são muito mais meio campistas do que atacante, e tendem a puxar muito para o meio. E a consequência disso é que menos perigos pelas pontas tanto os volantes como os zagueiros se concentram no meio do gramado, onde a troca de passes se dá. E com muito vigor de seus marcadores expulsa o “tik tika” da intermediaria de ataque, região perigosa de onde pode sair a assistência final para o arremate.

Outra questão é que o “tik taka” já não é mais tão novo para os adversários, causa menos pavor. E com isso algumas equipes quando em alto nível técnico conseguem superar esse estilo de peito aberto, de forma franca, e sem depender apenas da marcação e uma ou outra bola que defina o confronto. Voltando a pergunta, vejo sim que o “tik taka” pode estar decadente, visto os resultados recentes, mas se elevado a intensidades maiores e retomando suas características de posicionamento “originais” ainda é muito difícil de ser batido e extremamente eficiente.

Felipe Xavier Pelin, gosta desse negocio chamado Futebol...
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