Janelas do meio de ano são sempre as mais movimentadas da
Europa, já que dividem uma temporada da outra. Diferente do que acontece aqui
no Brasil, os ciclos no velho continente e em boa parte de nossos países vizinho,
começam e se encerram no meio do ano. Logicamente então, o período de transferências
no começo “do ano futebolístico” é sempre de contratações e volumes de dinheiro
maiores.
Negociações envolvendo jogadores normalmente são muito mais
badaladas, mas nessa temporada europeia que se iniciará, uma das grandes
curiosidades é como será o período de Pep Guardiola no Bayern de Munique. Esse
aguardo não é só pelo espanhol, que lógico é um grande treinador, mas estará à
frente do melhor time da temporada passada. Bayern foi campeão só de tudo,
comandado por Jupp Heynckes. Mas não só isso. Foi campeão de tudo e na
Champions, nas semis, atropelou o Barcelona, comandado por Tito Vilanova,
sucessor de Pep, com placar agregado de 7 a 0 no confronto. E essa não é e não
pode ser qualquer vitória, já que superou com MUITA autoridade o até então
melhor time do mundo. Que já havia sido superada em outras oportunidades, mas
não dessa forma.
Esse casamento, Pep e Bayern, é um encontro de gigantes. A expectativa
será enorme pelos resultados, mas antes disso existe a curiosidade de como essa
equipe irá jogar. Nesse domingo, Bayern fez amistoso contra o pequeno Hansa
Rostock e pudemos acompanhar esse inicio de trabalho. Guardiola armou a equipe
com:
Neuer;
Rafinha,
Kirchhoff, Boateng, Alaba;
Kroos;
Muller,
Lahm, Ribery, Shaqiri;
Pizarro.
Logo de cara, mudança total! Bayern no ano passado atuava no
4-2-3-1, esquema mais convencional nos dias de hoje. E o técnico espanhol já
colocou sua nova equipe no 4-1-4-1. Ai já vale uma reflexão. Fiquei muito
contente em observar que a imprensa alemã chamava essa formação de um 4-1-4-1,
algumas vezes já até tentei discutir isso por aqui, mas achei um pouco
irrelevante uma conversa para dar uma numeração X ou Y. De qualquer forma,
enxergo a formação contra o Rostock e em maior parte do Barcelona, um 4-1-4-1,
e não 4-3-3. Nesse desenho, uma linha de quatro zagueiros, que tem a frente
como primeiro volante Kroos. E vale ressaltar para quem não acompanha de perto
o futebol alemão (não sou especialista, mas vejo um pouco), que esse jogador começou
como segundo volante, mas no ano passado era meia de armação, camisa 10, e dos
bons! Que fez muita falta na reta de chegada da Champions League do ano passado,
falta só não tão sentida pela fase esplendorosa e pelos títulos. É um baque ver
Kroos atuando na cabeça da área, na hora me veio na cabeça à imagem de Pirlo na
Juventus do ano passado. Armando o jogo de trás, como primeiro volante. Ok, num
esquema diferente, mas o jovem alemão tem condições de chegar um dia no patamar
do italiano.
Na frente de Kroos, a direita estava Lahm e a esquerda
Ribery. Philipp Lahm é o capitão desse Bayern, atleta bandeira dos bávaros e da
Alemanha toda, jogador versátil, atua tanto na lateral direita como na esquerda.
Não há como negar que Pep ousa em coloca-lo no meio de campo. Ousadia boa, e
coerente até então. Ao seu lado, também como segundo volante, Ribery. Francês é
meio campista, mas costumava jogar numa linha de três meias do 4-2-3-1 aberto
na direita. Outra mudança de pensamento. No ataque, aberto na direita estava
Muller, na esquerda Shaqiri e Pizarro centralizado. Não tem como enxergar esse
esboço de Bayern e não visualizar o Barcelona que Guardiola comandava, a ideia é
praticamente a mesma. Linha de quatro atrás, um primeiro volante, dois
armadores, dois pontas espetados, e uma referência. Referência essa que na
equipe catalã era Messi como falso 9, talvez essa a única diferença. Pequena
diferença, menos de uma metro e setenta.
Claro que esse é apenas o começo de um trabalho, que pode
ser longo. Um esboço. E vale lembrar que essa não deve ser a lista dos 11
titulares. Ainda tem para escalar: Javi Martinez, Luiz Gustavo, Schweinsteiger,
que não atuaram contra o Hansa. Robben e Mandzukic que entraram no segundo
tempo. O holandês foi na ponta direita e o croata como 9. Mario Gotze, a contratação
mais barulhenta do time, já que foi anunciada na véspera da decisão pela
Champions League contra o Borussia Dortmund, seu antigo clube. E a mais recente
contratação de Thiago Alcântara, brasileiro naturalizado espanhol, filho do
Mazinho campeão da Copa do Mundo de 94, e vindo do Barcelona.
O desafio para o espanhol não é pequeno, a referência para
ele é só ganhar tudo. Jupp Heynckes tinha formado time fortíssimo, e qualquer
coisa longe disso será uma baixa. Fico imaginando se a melhor forma de começar
seu trabalho seja logo de cara com tantas mudanças. Afinal de contas, esses jogadores,
pelas conquistas e história de cada um, não são simplesmente peças de xadrez
que serão jogadas para lá e para cá. Como será a aceitação dessas mudanças? Pep
é um excelente técnico, dos melhores, e deve ter bom relacionamento no
vestiário. Imagino saber o que esta fazendo. Mas também imagino torcedores e
imprensa bradando que ele se achou mais importante que o clube se as vitórias
não vierem de imediato.
Para quem gosta de questões táticas os trabalhos de
Guardiola prometem, e esse casamento com elenco tão versátil do Bayern de
Munique, promete ainda mais. Veremos quando os jogos começarem a valer pontos,
mas as pistas estão ai.
Felipe Xavier Pelin, gosta desse negocio chamado Futebol...
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