segunda-feira, 15 de julho de 2013

Bayern e Pep...


Janelas do meio de ano são sempre as mais movimentadas da Europa, já que dividem uma temporada da outra. Diferente do que acontece aqui no Brasil, os ciclos no velho continente e em boa parte de nossos países vizinho, começam e se encerram no meio do ano. Logicamente então, o período de transferências no começo “do ano futebolístico” é sempre de contratações e volumes de dinheiro maiores.

Negociações envolvendo jogadores normalmente são muito mais badaladas, mas nessa temporada europeia que se iniciará, uma das grandes curiosidades é como será o período de Pep Guardiola no Bayern de Munique. Esse aguardo não é só pelo espanhol, que lógico é um grande treinador, mas estará à frente do melhor time da temporada passada. Bayern foi campeão só de tudo, comandado por Jupp Heynckes. Mas não só isso. Foi campeão de tudo e na Champions, nas semis, atropelou o Barcelona, comandado por Tito Vilanova, sucessor de Pep, com placar agregado de 7 a 0 no confronto. E essa não é e não pode ser qualquer vitória, já que superou com MUITA autoridade o até então melhor time do mundo. Que já havia sido superada em outras oportunidades, mas não dessa forma.

Esse casamento, Pep e Bayern, é um encontro de gigantes. A expectativa será enorme pelos resultados, mas antes disso existe a curiosidade de como essa equipe irá jogar. Nesse domingo, Bayern fez amistoso contra o pequeno Hansa Rostock e pudemos acompanhar esse inicio de trabalho. Guardiola armou a equipe com:
                Neuer;
                Rafinha, Kirchhoff, Boateng, Alaba;
                Kroos;
                Muller, Lahm, Ribery, Shaqiri;
                Pizarro.

Logo de cara, mudança total! Bayern no ano passado atuava no 4-2-3-1, esquema mais convencional nos dias de hoje. E o técnico espanhol já colocou sua nova equipe no 4-1-4-1. Ai já vale uma reflexão. Fiquei muito contente em observar que a imprensa alemã chamava essa formação de um 4-1-4-1, algumas vezes já até tentei discutir isso por aqui, mas achei um pouco irrelevante uma conversa para dar uma numeração X ou Y. De qualquer forma, enxergo a formação contra o Rostock e em maior parte do Barcelona, um 4-1-4-1, e não 4-3-3. Nesse desenho, uma linha de quatro zagueiros, que tem a frente como primeiro volante Kroos. E vale ressaltar para quem não acompanha de perto o futebol alemão (não sou especialista, mas vejo um pouco), que esse jogador começou como segundo volante, mas no ano passado era meia de armação, camisa 10, e dos bons! Que fez muita falta na reta de chegada da Champions League do ano passado, falta só não tão sentida pela fase esplendorosa e pelos títulos. É um baque ver Kroos atuando na cabeça da área, na hora me veio na cabeça à imagem de Pirlo na Juventus do ano passado. Armando o jogo de trás, como primeiro volante. Ok, num esquema diferente, mas o jovem alemão tem condições de chegar um dia no patamar do italiano.

Na frente de Kroos, a direita estava Lahm e a esquerda Ribery. Philipp Lahm é o capitão desse Bayern, atleta bandeira dos bávaros e da Alemanha toda, jogador versátil, atua tanto na lateral direita como na esquerda. Não há como negar que Pep ousa em coloca-lo no meio de campo. Ousadia boa, e coerente até então. Ao seu lado, também como segundo volante, Ribery. Francês é meio campista, mas costumava jogar numa linha de três meias do 4-2-3-1 aberto na direita. Outra mudança de pensamento. No ataque, aberto na direita estava Muller, na esquerda Shaqiri e Pizarro centralizado. Não tem como enxergar esse esboço de Bayern e não visualizar o Barcelona que Guardiola comandava, a ideia é praticamente a mesma. Linha de quatro atrás, um primeiro volante, dois armadores, dois pontas espetados, e uma referência. Referência essa que na equipe catalã era Messi como falso 9, talvez essa a única diferença. Pequena diferença, menos de uma metro e setenta.

Claro que esse é apenas o começo de um trabalho, que pode ser longo. Um esboço. E vale lembrar que essa não deve ser a lista dos 11 titulares. Ainda tem para escalar: Javi Martinez, Luiz Gustavo, Schweinsteiger, que não atuaram contra o Hansa. Robben e Mandzukic que entraram no segundo tempo. O holandês foi na ponta direita e o croata como 9. Mario Gotze, a contratação mais barulhenta do time, já que foi anunciada na véspera da decisão pela Champions League contra o Borussia Dortmund, seu antigo clube. E a mais recente contratação de Thiago Alcântara, brasileiro naturalizado espanhol, filho do Mazinho campeão da Copa do Mundo de 94, e vindo do Barcelona.



O desafio para o espanhol não é pequeno, a referência para ele é só ganhar tudo. Jupp Heynckes tinha formado time fortíssimo, e qualquer coisa longe disso será uma baixa. Fico imaginando se a melhor forma de começar seu trabalho seja logo de cara com tantas mudanças. Afinal de contas, esses jogadores, pelas conquistas e história de cada um, não são simplesmente peças de xadrez que serão jogadas para lá e para cá. Como será a aceitação dessas mudanças? Pep é um excelente técnico, dos melhores, e deve ter bom relacionamento no vestiário. Imagino saber o que esta fazendo. Mas também imagino torcedores e imprensa bradando que ele se achou mais importante que o clube se as vitórias não vierem de imediato.

Para quem gosta de questões táticas os trabalhos de Guardiola prometem, e esse casamento com elenco tão versátil do Bayern de Munique, promete ainda mais. Veremos quando os jogos começarem a valer pontos, mas as pistas estão ai.

Felipe Xavier Pelin, gosta desse negocio chamado Futebol...
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