24 de julho de 2013 – Libertadores da América – Atlético 2x0
Olimpia:
Não seria fácil, não era para ser. O Galo não merecia um
titulo assim, Cuca não merecia um titulo assim. Era preciso romper as amarras
dos seus rótulos, senão não valeria a pena. Todo campeão tem suas histórias, e
a do Atlético será o do improvável titulo do favorito.
Sim, Atlético era favorito. Melhor campanha da primeira
fase, melhor time da primeira fase, melhores jogadores da primeira fase. Era um
prato cheio para os “deuses do futebol” derruba-lo. E o Galo tratou de espantar
essa zica, sofrendo contra o Tijuana, sofrendo contra o Newll’s. Se era preciso
sofrer para conquistar, então que assim seja. Não seria na final que o time ia
fazer um jogo perfeito fora de casa, e tratou de perder, não por um, mas logo
por dois. Não seria permitido usar o Horto, porque era apelação, todos já
saberiam o fim da historia. Tinha que ser em outro lugar. Mas a verdade é que o
slogan do EU ACREDITO, apesar de um pouco derrotista, era o obvio. O atleticano
não tinha porque não acreditar, estava quase escrito, por um roteirista adorador
do surrealismo, mas mesmo assim, escrito.
Primeiro tempo o Atlético foi melhor, mas ligeiramente
melhor. E para virar o placar não fez a blitz suficiente, e ainda deixou
Bareiro e A. Silva em chances claras de gol. Mas não era para ser. Vinha a
segunda etapa, e antes de completar o primeiro minuto Jô contou com a falha da
zaga paraguaia para abrir o placar. Jô que vinha fazendo partida extraordinária,
e o time precisava dele ganhando todas pelo alto, fazendo o pivô, o estilo de
jogo que Cuca impôs a esse grupo precisava dele. A partir disso a pressão foi
maior. O gol de tão maduro parecia inevitável. Mas aos 37 da etapa final,
Ferreyra ganha de Victor, sai na cara do gol, era para fechar o caixão. E ele
escorrega?! Agora os roteiristas exageraram, perderam o pé da realidade nessa
história. Quase que perdeu a graça, o final já era cristalino. Aos 41, depois
de cruzamento de Bernard, que terminou o jogo sem condição nenhuma de andar,
Leonardo Silva cabeceou. Não cabeceou firme. A bola fez uma parábola para cima
só para o torcedor ter mais certeza que ela entraria, não seria um gol ligeiro,
fortuito. A bola redentora deveria demorar para entrar. E entrou, êxtase. Mas
como na reta final do campeonato, essa emoção era só um aperitivo. Prorrogação.
Mais um entre os vários cruzamentos na área, Réver cabeceou forte, obvio que
não entraria. Não entendeu o recado dado pelo gol de seu companheiro de zaga. E
a pelota explodiu na trave. Nos últimos instantes do segundo tempo da prorrogação,
Alecsandro recebeu na cara do goleiro, tentou a cavadinha. Podem xingar o rapaz
o quanto quiserem, era a melhor opção, bater seco ou forte e a bola teria o
mesmo destino da cabeçada precisa do capitão. Não entraria. Ele entendeu o
recado da bola, só entra chorada. Mas mesmo assim, para que acabar com aquele
jogo épico se ainda poderíamos ter os pênaltis.
Miranda já logo de cara bate mal e no meio, com Victor no
gol parecia até desaforo. Ele pegou, claro. Veio Alecsandro para a bola. Tomou
não mais que dois passos de distancia, só para matar o torcedor do coração, já
era candidato a vilão, e ainda bate forte e no alto, o irmão menos famoso de
Richarlyson é louco. E o roteirista gostou na insanidade, 1 a 0. Ferreyra bateu
no canto, e o mais improvável aconteceu, a bola passou por Victor. Guilherme
nem pensou em dar sorte para o azar, meteu na lateral da rede. Candia e Aranda
mandaram no meio. Jô e Leonardo Silva deslocaram o goleiro. Sobraram Gimenez e
Ronaldinho. E o paraguaio bateu... Alto, forte, para seu canto esquerdo. E a
bola explodiu no travessão. No travessão? Na trave? Sem duvidas tinha que
explodir no improvável, e ela carimbou com força a forquilha. Explodiu!
Explodiram junto com ela a falta de sorte de Cuca, explodiu a recente pequenez atribuída
ao gigante mineiro, explodiu o peso da camisa, explodiu o vulgo Jô Balada. Só
não explodiu a certeza de que tinha que ser sofrido, tinha que ser especial.
Senão, não valeria a pena. Parabéns atleticanos!
Felipe Xavier Pelin, gosta desse negocio chamado Futebol...
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