quarta-feira, 8 de maio de 2013

Esquemas táticos da moda e onde posicionar seus craques...


4 de maio de 2013 – Campeonato Inglês – Tottenham 1x0 Southampton:

Em White Hart Lane, Tottenham pegou Southampton. Jogo importante para os Spurs na busca por vaga na fase classificatória para a Champions League. Jogo foi duro em Londres, nos primeiros 15 minutos pressão do Southampton, depois disso o time de André Villas-Boas entrou no jogo e passou a tocar mais a bola, mas as melhores oportunidades eram dos visitantes. No segundo tempo o roteiro se repetiu. Mas no finalzinho do jogo, Gareth Bale que até então fazia partida apagada, dominou na direita e partiu para cima de Shaw, cortou para o meio e mandou uma bala no gol, 1 a 0. A partida não teve grandes emoções ou alternativas, times espalhados em campo e sem muita criatividade. Compreensível para o Soton, que tem time muito compactado e arrumado em campo, mas o Tottenham sofria com adversário de bom nível, mas com o galês atuando encaixotado pelas linhas adversárias no ataque, participou pouco do jogo. A partir desse fato pensei em dois aspectos interessantes para discussões.

Tottenham no 4-4-2, com:
Lloris;
Walker, Vertonghen, Dawson, Ekotto;
Lennon, Huddlestone, Dembele, Dempsey;
Bale, Defoe.

Southampton também no 4-4-2, com:
Boruc;
Clyne, Fonte, Hooivelt, Shaw;
Gully do Prado, Cork, Davis, Lallana;
Jay Rodriguez, Lambert.

Primeiro aspecto que pensei durante a partida foi sobre os esquemas táticos da moda. Há pouco tempo atrás “surgiu” o 4-2-3-1, esquema que praticamente dominou o mundo depois da Copa do Mundo de 2010. Mas de um tempo para cá a utilização do 4-4-2 vem sendo também muito utilizada. Formação muito diferente da que dominou os anos 90 aqui no Brasil, agora os meias atuam pelos flancos, e participam intensamente da defesa. Muitas vezes é uma variação natural do 4-2-3-1, mas de forma geral tem aspectos diferentes. Nesse 4-4-2 atual, ou em linha como alguns chamam, os wingers (jogadores que atuam no meio, pelos corredores laterais) são mais meias, digo isso para diferenciar dos wingers do 4-2-3-1, que são mais atacantes. O que imagino que determina a diferença dos dois estilos é a faixa do gramado que esses jogadores atuam, no 4-2-3-1 eles se alinham a um meia central , ao mesmo tempo que marcam os lateral, fecham em diagonal para fazer companhia ao camisa 9. Já no 4-4-2, estes atuam mais na faixa central da equipe, pois a necessidade de aproximação no centroavante é sanada pelo segundo atacante, que entra no lugar do armador central.

Mas obviamente que os esquemas táticos devem surgir da necessidade de melhor utilizar e potencializar as características dos jogadores que o técnico tem em suas mãos. E ai penso que Villas-Boas se equivoca não formação do Tottenham, usando apenas esse caso como exemplo. Dos jogadores hoje em campo pelo time londrino, o português tinha peças para montar um 4-2-3-1 muito eficiente. Com Lennon pela direita, Dempesy centralizado, Bale pela esquerda e Defoe na referência. Mas preferiu o 4-4-2, deixando Lennon mais distante do fundo, onde ele pode no homem a homem levar vantagem contra o lateral. Dempsey pode se adaptar bem a esse esquema, mas também fica longe da área, e o americano tem boa finalização.
Mas imagino que o real motivo do técnico escolher para armar seu time dessa forma é Gareth Bale. Galês que surgiu como excelente lateral esquerdo, logo foi adiantado para jogar aberto no meio de campo. Com muita qualidade foi se tornando um dos principais jogadores da Premier League. Nessa formação de Villas-Boas, Bale esta à frente das duas linhas de quatro dos Spurs, sem grandes obrigações defensivas. E essa é a segunda reflexão que pensei durante o jogo. Onde posicionar os craques, ou os melhores jogadores de cada equipe.

Claro que não existe regra. No Barcelona, o esquema tático gira em torno do seu melhor jogador, Messi. O argentino tem pouquíssimas funções quando seu time é atacado, e dá muito certo (não falo de momento, mas de forma geral). Já no Real Madrid, Cristiano Ronaldo atua aberto na linha de três meias de Mourinho , 4-2-3-1, e tem funções sem a bola, principalmente em grandes jogos. Neymar, no Santos e na Seleção é posicionado para não ter obrigação de marcar, sem grande sucesso de uns tempos para cá. Com Gareth Bale acontece o mesmo. E a discussão que proponho é exatamente essa, qual a melhor forma? Colocar seu craque para marcar, com algum sacrifício físico e ofensivo, ou armar seu time para deixa-lo “solto”? No caso do Tottenham, Villas-Boas prefere a ultima opção, assim como Muricy com Neymar no Santos. A consequência dessa escolha é que muitas vezes afasta-os do jogo. Ao mesmo tempo em que descolando para o centro do gramado tem mais espaço para movimentação, e se livram da linha lateral como marcadora natural. No segundo tempo de Tottenham x Southampton, Bale foi para a esquerda, em uma inversão natural, estava na direita, cortou para dentro e marcou. Mesmo que o desempenho não tenha melhorado muito, tirar o galês do meio propiciou o gol dos Spurs.

Outro aspecto que penso na opção de posicionar o melhor jogador do time sem funções defensivas e um pouco fora do jogo, é o peso que tal jogador tem que carregar. Messi, no Barça, carrega esse peso sem muitos problemas, normalmente vai lá e resolve. Neymar, no Santos, tem sofrido com a marcação, e por não ter um esquema para ele, como o argentino, é ainda mais difícil já que tem de tirar coelhos da cartola sem uma movimentação coletiva que o auxilie.Bale é excelente jogador, mas não sei se é a melhor opção jogar o peso em suas costas para resolver a partida, melhor seria abri-lo na linha de três meias e ser “mais uma” das armas de ataque. Mas esse é só um começo de discussão que, por exemplo, Mano Menezes já propôs quando era técnico da seleção brasileira, escalando Neymar como camisa 10.

PS: Esse post era para ter saído desde sábado, mas só consegui finalizar agora, como a discussão é mais de fundo do que só o jogo em si, achei que seria relevante.

Felipe Xavier Pelin, gosta desse negocio chamado Futebol...
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