4 de maio de 2013 – Campeonato Inglês – Tottenham 1x0
Southampton:
Em White
Hart Lane, Tottenham pegou Southampton. Jogo importante para os Spurs na
busca por vaga na fase classificatória para a Champions League. Jogo foi duro
em Londres, nos primeiros 15 minutos pressão do Southampton, depois disso o
time de André Villas-Boas entrou no jogo e passou a tocar mais a bola, mas as
melhores oportunidades eram dos visitantes. No segundo tempo o roteiro se
repetiu. Mas no finalzinho do jogo, Gareth Bale que até então fazia partida
apagada, dominou na direita e partiu para cima de Shaw, cortou para o meio e
mandou uma bala no gol, 1 a 0. A partida não teve grandes emoções ou
alternativas, times espalhados em campo e sem muita criatividade. Compreensível
para o Soton, que tem time muito compactado e arrumado em campo, mas o
Tottenham sofria com adversário de bom nível, mas com o galês atuando
encaixotado pelas linhas adversárias no ataque, participou pouco do jogo. A partir
desse fato pensei em dois aspectos interessantes para discussões.
Tottenham
no 4-4-2, com:
Lloris;
Walker, Vertonghen, Dawson, Ekotto;
Lennon, Huddlestone, Dembele, Dempsey;
Bale, Defoe.
Southampton também no 4-4-2, com:
Boruc;
Clyne, Fonte, Hooivelt, Shaw;
Gully do Prado, Cork, Davis, Lallana;
Jay Rodriguez, Lambert.
Primeiro aspecto que pensei durante a partida foi sobre os
esquemas táticos da moda. Há pouco tempo atrás “surgiu” o 4-2-3-1, esquema que
praticamente dominou o mundo depois da Copa do Mundo de 2010. Mas de um tempo
para cá a utilização do 4-4-2 vem sendo também muito utilizada. Formação muito
diferente da que dominou os anos 90 aqui no Brasil, agora os meias atuam pelos
flancos, e participam intensamente da defesa. Muitas vezes é uma variação
natural do 4-2-3-1, mas de forma geral tem aspectos diferentes. Nesse 4-4-2
atual, ou em linha como alguns chamam, os wingers (jogadores que atuam no meio,
pelos corredores laterais) são mais meias, digo isso para diferenciar dos
wingers do 4-2-3-1, que são mais atacantes. O que imagino que determina a
diferença dos dois estilos é a faixa do gramado que esses jogadores atuam, no
4-2-3-1 eles se alinham a um meia central , ao mesmo tempo que marcam os
lateral, fecham em diagonal para fazer companhia ao camisa 9. Já no 4-4-2,
estes atuam mais na faixa central da equipe, pois a necessidade de aproximação
no centroavante é sanada pelo segundo atacante, que entra no lugar do armador
central.
Mas obviamente que os esquemas táticos devem surgir da
necessidade de melhor utilizar e potencializar as características dos jogadores
que o técnico tem em suas mãos. E ai penso que Villas-Boas se equivoca não
formação do Tottenham, usando apenas esse caso como exemplo. Dos jogadores hoje
em campo pelo time londrino, o português tinha peças para montar um 4-2-3-1
muito eficiente. Com Lennon pela direita, Dempesy centralizado, Bale pela
esquerda e Defoe na referência. Mas preferiu o 4-4-2, deixando Lennon mais
distante do fundo, onde ele pode no homem a homem levar vantagem contra o
lateral. Dempsey pode se adaptar bem a esse esquema, mas também fica longe da
área, e o americano tem boa finalização.
Mas imagino que o real motivo do técnico escolher para armar
seu time dessa forma é Gareth Bale. Galês que surgiu como excelente lateral
esquerdo, logo foi adiantado para jogar aberto no meio de campo. Com muita
qualidade foi se tornando um dos principais jogadores da Premier League. Nessa
formação de Villas-Boas, Bale esta à frente das duas linhas de quatro dos
Spurs, sem grandes obrigações defensivas. E essa é a segunda reflexão que
pensei durante o jogo. Onde posicionar os craques, ou os melhores jogadores de
cada equipe.
Claro que não existe regra. No Barcelona, o esquema tático
gira em torno do seu melhor jogador, Messi. O argentino tem pouquíssimas
funções quando seu time é atacado, e dá muito certo (não falo de momento, mas
de forma geral). Já no Real Madrid, Cristiano Ronaldo atua aberto na linha de
três meias de Mourinho , 4-2-3-1, e tem funções sem a bola, principalmente em
grandes jogos. Neymar, no Santos e na Seleção é posicionado para não ter
obrigação de marcar, sem grande sucesso de uns tempos para cá. Com Gareth Bale
acontece o mesmo. E a discussão que proponho é exatamente essa, qual a melhor
forma? Colocar seu craque para marcar, com algum sacrifício físico e ofensivo,
ou armar seu time para deixa-lo “solto”? No caso do Tottenham, Villas-Boas
prefere a ultima opção, assim como Muricy com Neymar no Santos. A consequência
dessa escolha é que muitas vezes afasta-os do jogo. Ao mesmo tempo em que
descolando para o centro do gramado tem mais espaço para movimentação, e se
livram da linha lateral como marcadora natural. No segundo tempo de Tottenham x
Southampton, Bale foi para a esquerda, em uma inversão natural, estava na
direita, cortou para dentro e marcou. Mesmo que o desempenho não tenha
melhorado muito, tirar o galês do meio propiciou o gol dos Spurs.
Outro aspecto que penso na opção de posicionar o melhor
jogador do time sem funções defensivas e um pouco fora do jogo, é o peso que
tal jogador tem que carregar. Messi, no Barça, carrega esse peso sem muitos
problemas, normalmente vai lá e resolve. Neymar, no Santos, tem sofrido com a
marcação, e por não ter um esquema para ele, como o argentino, é ainda mais
difícil já que tem de tirar coelhos da cartola sem uma movimentação coletiva
que o auxilie.Bale é excelente jogador, mas não sei se é a melhor opção jogar o
peso em suas costas para resolver a partida, melhor seria abri-lo na linha de
três meias e ser “mais uma” das armas de ataque. Mas esse é só um começo de discussão
que, por exemplo, Mano Menezes já propôs quando era técnico da seleção
brasileira, escalando Neymar como camisa 10.
PS: Esse post era para ter saído desde sábado, mas só
consegui finalizar agora, como a discussão é mais de fundo do que só o jogo em
si, achei que seria relevante.
Felipe Xavier Pelin, gosta desse negocio chamado Futebol...
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