Esse fim de semana fui ao jogo do meu time, frequentei
estádios muito mais do que faço hoje em dia. O único motivo é meu interesse por
ter um conhecimento maior sobre futebol, e para isso, acompanhar a maioria dos
jogos que consigo. Então fico em casa, onde isso é possível. Mesmo sabendo que
acompanhar jogos da arquibancada nos dá melhores elementos para análise. Enfim,
é uma escolha, nada mais.
Mas como faz falta ir ao estádio! Pelos amigos, pelo clima.
Por pior que seja o jogo, é legal. Arquibancada é um santuário onde alimentamos
essa paixão que é o futebol.
Mas esse texto é apenas para descrever uma situação no mínimo
interessante que vivemos. Fui ao jogo com quatro amigos, parceiros de longa
data, que o papo rola solto, como as cervejas, com naturalidade. Com eles o
assunto é restrito apenas no que há entre o céu e a terra. Ou seja, tudo.
Política, samba, torcidas, campo e bola. Relembrar momentos passados: “pô,
lembra aquela vez”. Isso é toda hora. “E quando o fulano, que hoje mora fora da
nossa cidade, trepou na arquibancada mandando o técnico tirar o time de campo?
”. PQP, sensacional! E era o mesmo técnico atual, em sua primeira passagem. Que
saudade de você cara!
Combinamos de nos encontrar em um bar próximo ao estádio.
Fui de carona com um deles, para encontrar os outros lá. Foram de metro, mais
fácil. Descemos do carro e já fu pescoçando dentro da janela para ver se já tinham
chegado. Ai me assustei, fiquei na dúvida. Era isso mesmo? O bar lotado, todos
do mesmo time. Mas no balcão, tinha um cara diferente. As cores eram outras.
Eram mesmo? Fiquei até na dúvida. Enfim, entramos. Era isso mesmo! O cara no
balcão, tomando um negocinho, ostentando a camisa adversária. Não só
adversária, rival! Da mesma cidade! Rivalidade séria.
O que mais me espantou não foi a presença dele em si. Mas
sim que todos os outros ao redor, com as camisas do nosso time, bebendo,
conversando exaltados sobre a política do clube, sobre determinado jogador, técnico,
presidente; ignoravam solenemente a presença daquele corpo estranho. Não
olhavam feio, não hostilizavam. Era como se lá não estivesse. Bebemos, comemos,
falamos e fomos para o jogo. O cara já tinha ido embora, provavelmente assistir
a derrota do seu clube de coração em casa. O nosso venceu. Mas no pré-jogo
regado a papo e cerveja, o futebol venceu. Nós vencemos.
Mas esse não é um canto de vitória na guerra. Talvez comemoração
de uma batalha. Existe violência no futebol, como existe no mundo. Com diversas
razões, na minha opinião com raízes sociais marcantes. Mas ali naquele bar, a convivência
pacifica venceu de forma silenciosa. De forma natural. O cara foi ao bar tomar cerveja
com uma camiseta de cores diferentes do que a maioria. Normal.
Felipe Xavier Pelin, gosta desse negócio chamado Futebol...
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