Bayern de Munique 0-4 Real Madrid – Champions League:
Jogos como este da semifinal entre Bayern e Real geram muita
reflexão, é muito bom pensar futebol. Mas procuro sempre tentar não eleger
vilões, nem verdades absolutas, justificativas para opiniões anteriores e muito
menos falsas polemicas. E, claro, uma partida como essa tem sempre dois lados,
e muitos aspectos. Não tenho a pretensão de abordar todos, me faltaria
repertório. Mas ai vão alguns.
O primeiro, com certeza, é exaltar a vitória merengue. Real
Madrid foi perfeito no confronto, dentro e fora de casa. Carlo Ancelotti tinha
uma ideia muito clara para as partidas, segurar seu rival. E o fez com
compactação de sua defesa. Quando Guardiola surgiu muitas foram as tentativas
de pará-lo, no Barcelona, congestionando a entrada da área. Com excesso de
jogadores, não foi o que o treinador italiano propôs. Em todos os momentos do
jogo tinha pelo menos Cristiano Ronaldo e Benzema com pouca participação
defensiva e dedicados a buscar o ataque, assim como Di Maria e Bale chegando
pelos lados.
O “habitat natural” dos times de Guardiola é o espaço entre
as linhas, era onde Messi trabalhava, e que deu origem ao desgastado e mal
utilizado termo falso 9, e é onde o treinador procura explorar com os bávaros.
Ancelotti negou esse espaço ao Bayern, formando duas linhas muito unidas de
quatro homens, com Bale e Di Maria abertos, Xabi Alonso e Modric por dentro,
formando o meio de campo. Mas se o objetivo era parar os alemães, a alternativa
ofensiva também estava presente e foi aproveitada com máxima eficiência. Seis a
zero no confronto, quatro gols de bola parada e dois de contra-ataques. Tinha
um plano, tinha suas armas, e as utilizou com perfeição.
Mas o outro lado do confronto diz respeito ao Bayern e Pep
Guardiola. É importante lembrar que não se pode comparar Bayern de Pep com Barça
dirigido por ele. A sequência que teve no time catalão lhe dava muitas armas e
alternativas, que no primeiro ano (!!!) à frente do super campeão alemão ainda
não tem. Pep, assim como Ancelotti, tinha uma ideia para o enfrentamento, mas
diferente do seu rival, não foi feliz. Se muitas vezes o futebol é decidido
pelo acaso, esse não foi o caso (com a licença da rima). A vitória dos blancos
foi categórica.
Nos dois jogos, Guardiola teve propostas diferentes. Na
primeira partida, ao posicionar Lahm como primeiro volante, queria que seu
capitão sobrasse no meio de campo para organizar o time de trás. Xabi e Modric
bateriam com Kroos e Schweinsteiger, e Lahm só sofreria marcação de Benzema ou
CR7, quando voltassem para marcar. Não deu certo. Na segunda partida, ao invés
de ter um homem sobrando atrás a ideia era Muller ser o ponto de desequilíbrio.
Alterou o 4-1-4-1 para um 4-2-3-1, Xabi e Modric continuariam o enfrentamento
com Schwein e Kroos e agora Muler, centralizado na linha de meias, poderia
sobrar atrás dos volantes e na frente dos zagueiros de Ancelotti. A compactação
entre as linhas não deixou. Mais uma vez a proposta de Pep não foi feliz.
Interessante também que nas duas partidas, Guardiola
melhorou o time no segundo tempo. O que abre a possibilidade de pensarmos que
se tivesse iniciado de tal forma o resultado seria outro. Claro que é um “se”,
e que os momentos do jogo eram diferentes, mas talvez sejam essas alternativas
que ainda falte na relação Pep-Bayern. Na ida, ao colocar Javi Martinez para
reforçar a defesa, passou Lahm para a lateral e junto com Alaba passou a atuar
fechando no meio de campo, o time melhorou. Na volta, de novo com Javi
segurando atrás, mas agora Lahm e Alaba espetaram nas pontas, Ribery e Robben
passaram a fechar da ponta para o meio buscando os espaços “entre linhas”,
também melhorou. Mas não resolveu.
Não existe formula mágica no futebol, e sim muitas maneiras
de jogar. Guardiola não tinha enfrentado uma derrota tão categórica em sua
carreira como técnico, mas sempre sofreu duras críticas quando os resultados
não vinham. O principal confronto dessa Champions League nos mostra que existem
diversas formas de se jogar, e nem só uma vence. Tenhamos todas essas formas em
nossos arquivos, sem queimar possibilidades.
Felipe Xavier Pelin, gosta desse negócio chamado Futebol...
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